O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça-feira (10) em interrogatório do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Durante o interrogatório, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-chefe do Executivo negou envolvimento em articulações golpistas e minimizou os encontros com militares.

Bolsonaro também pediu desculpas por declarações adas e afirmou que algumas falas foram apenas “desabafos”.

Confira abaixo os principais pontos do depoimento:

Bolsonaro nega golpe 6r6d62

Logo no início do interrogatório, Bolsonaro negou que tenha existido qualquer plano para um golpe de Estado ou ameaças por parte das Forças Armadas.

“As Forças Armadas têm missão legal. Missão ilegal não é cumprida. Em nenhum momento alguém me ameaçou de prisão.”

A declaração contraria o depoimento do brigadeiro Baptista Jr., ex-comandante da Aeronáutica, que afirmou à Justiça que Bolsonaro discutiu ruptura democrática com os comandos militares no fim de 2022.

Ele também declarou que não havia clima político para um golpe e disse que não existia base sólida para nenhuma medida radical.

“Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa.”

Ex-presidente comparece a sessão do STF para depor – Foto: Eravisto Sa/AFP

Conversas com militares foram informais 2j38f

O ex-presidente itiu que se reuniu com militares, mas afirmou que os encontros tinham caráter informal e buscavam explorar alternativas legais após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar uma petição do PL sobre as urnas.

“Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião.”

Além disso, ele relatou que, após a derrota nas urnas, procurou oficiais das Forças Armadas para conversas pessoais, descrevendo o momento como um “vazio”.

“Esse vazio muitas vezes era preenchido com visita e conversa amigável entre eu e alguns oficiais generais.”

Pedido de desculpas a Moraes 6w5j63

Ministro do STF Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro – Foto: Eravisto Sa/AFP

Questionado sobre falas em que sugeriu que ministros poderiam estar recebendo propina, Bolsonaro recuou e pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes.

“Me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três.”

Minuta do golpe foi ‘superficial’ 5b6t2j

O ex-presidente negou qualquer responsabilidade pela chamada “minuta do golpe”, documento que previa uma intervenção no TSE e foi encontrado com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

“Foi colocado numa tela na televisão e mostrado de forma rápida ali. […] Não escrevi, não alterei, não digitei nada. Não tenho responsabilidade sobre essa minuta.”

A versão contradiz o que disse Mauro Cid no interrogatório, ex-ajudante de ordens, que afirmou ao STF que Bolsonaro sugeriu alterações no texto.

Bolsonaro em eata para exigir anistia de pessoas condenadas pelo 8 de janeiro – Foto: Sergio Lima/AFP

‘Quem pede AI-5 é maluco’ 4f2w2x

Em um dos trechos mais enfáticos, Bolsonaro afirmou que nunca incentivou atos ilegais e criticou manifestantes que pediam um novo Ato Institucional nº 5 (AI-5), decreto que marcou os anos mais duros da ditadura militar.

“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar. […] Intervenção militar, isso não existe. É pedir pro senhor praticar o suicídio, isso não existe.”

Ele também alegou que tentou conter excessos nos protestos de apoiadores após as eleições e negou qualquer relação com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

“Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto.”