Para enfrentar a dificuldade de escoar a produção artesanal e estimular as novas gerações, mulheres indígenas Huni Kuin lançaram no Jordão (AC) o Projeto CASA Ainbu Daya. A iniciativa, então, valoriza a arte tradicional, promove autonomia econômica e fortalece os saberes ancestrais.
O projeto conta com o apoio do Programa Rouanet Norte e patrocínio do Banco da Amazônia. Além disso, há também parcerias com Banco do Brasil, Caixa e Correios. Em junho de 2025, o grupo inaugurou a Casa de Cultura, Arte e Saberes Ancestrais, que servirá como sede do Instituto Ainbu Daya por seis meses.
Nesse período, 44 mestras artesãs Huni Kuin vão receber bolsas mensais, somando R$ 96 mil em incentivos. Dessa forma, o valor reconhece o papel das guardiãs culturais e impulsiona a continuidade das tradições. O projeto também busca inspirar jovens a seguir esse caminho.

Capacitação de mulheres indígenas Huni Kuin 6m6929
Além do incentivo financeiro, o programa oferece oficinas online. Os temas incluem Gestão, Finanças Básicas, Cadastro de Artesã/MEI, Informática, Mídias Sociais e Desenvolvimento Criativo. O foco está em ampliar a formação das participantes e fortalecer seus empreendimentos.
“Algumas mulheres não falam tão bem o português e é difícil vender e ter retorno”, explica Batani Huni Kuin, vice-presidente do Instituto. “Esse projeto ajuda muito nessa troca de saberes e no reconhecimento do valor do nosso trabalho”, completa.

Ela também destaca a importância do auxílio financeiro. “Essa ajuda permite que mulheres de diferentes aldeias se encontrem e transportem as artes, porque os custos de deslocamento são muito altos.”
A ação acontece no mesmo ano em que o Kenê Kuĩ – grafismo tradicional Huni Kuin – recebeu o título de Patrimônio Cultural do Brasil, concedido pelo Iphan. Os desenhos expressam conexões espirituais com a floresta e simbolizam a força da cultura indígena.

O Instituto Ainbu Daya, liderado por mulheres dos territórios do Alto Jordão, Baixo Jordão e Seringal Independência, atua na promoção do protagonismo feminino, geração de renda e preservação cultural. Além disso, o projeto representa um o firme na valorização das mulheres indígenas e de seus saberes.