O anúncio do Avante, sinalizando a possível candidatura do secretário-chefe da Casa Civil de Manaus, Marcos Rotta, ao Senado, repercutiu fortemente nos bastidores da política amazonense. Natural, considerando o peso da movimentação.
Mas é preciso separar precipitação de realidade, ainda em jogo de narrativas interpretativas dos bastidores. Existe sempre uma tendência de ansiedade, nesses momentos, de observar qualquer sinalização como ruptura, estremecimento ou divisão na base liderada por David Almeida, Omar Aziz e Eduardo Braga.

A verdade é que existe, neste momento, um convite formal para a disputa. Cabe a Rotta decidir se aceita ou não entrar no jogo eleitoral de 2026. Caso aceite, o movimento não representa necessariamente um risco à coesão da aliança construída até aqui.
Cenário político 5r5m36
Pelo contrário, tem potencial de fortalecer a estratégia do grupo, especialmente no cenário eleitoral de Manaus. Marcos Rotta não é um nome qualquer. Tem experiência, boa performance eleitoral, nunca perdeu uma eleição, trânsito fácil nos bastidores e, sobretudo, perfil de lealdade.
É um quadro de absoluta confiança do prefeito David Almeida, tanto que já esteve cotado para ser vice na chapa de Wilson Lima em 2022, quando a indicação acabou ficando com Tadeu de Souza.
Diante disso, soa forçado qualquer discurso que tente sugerir que Rotta provocaria fissuras na relação de David Almeida com Omar Aziz ou Eduardo Braga. O próprio prefeito tratou de colocar os pingos nos is, deixando claro que a aliança segue “indivisível”, nas palavras dele.
Se confirmada, a candidatura de Rotta tem função bem interessante: ocupar espaço no eleitorado de Manaus e equilibrar o jogo contra nomes como Wilson Lima e Alberto Neto, ambos com apelo junto à direita.

Rotta não tem bandeira ideológica extremada. Não é nem de direita, nem de esquerda. É, antes de tudo, um político pragmático, de centro, capaz de dialogar com diferentes segmentos e forças políticas. Pesquisas já em andamento apontam Rotta bem posicionado, especialmente na capital.
Isso, inclusive, é de interesse direto de Eduardo Braga. Tê-lo como segundo nome ao Senado fortalece a composição da chapa, amplia a margem de segurança na disputa por votos em Manaus e enfraquece a estratégia dos adversários.
Vale destacar que ninguém no grupo questiona que Eduardo Braga é o nome basilar, o primeiro da chapa. A entrada de Rotta se daria como segundo nome, mirando, sobretudo, a segunda vaga, o que é absolutamente natural numa eleição em que duas cadeiras estarão em disputa.
Nos bastidores j2b2t
E é aí que o jogo fica mais embolado. Nomes como Wilson Lima, Alberto Neto, Plínio Valério e, eventualmente, Marcelo Ramos, que circula como possibilidade numa composição ligada ao PT, entram no radar.
Com Rotta na disputa, a briga pela segunda vaga se torna ainda mais acirrada, especialmente entre os candidatos que orbitam o campo de centro-direita. O grupo de David, Braga e Omar, portanto, não está rachado.
Pode estar na verdade, ajustando sua estratégia para frear o avanço do núcleo adversário, onde Wilson tenta se firmar como candidato da direita bolsonarista, e Alberto Neto corre na mesma faixa, buscando consolidar seu espaço.

A leitura coerente portanto; Não há rompimento, não há racha nesse momento. Há, sim, movimentação legítima de bastidores, antecipando a disputa de 2026 e organizando o jogo para tornar a eleição mais difícil para o outro lado do tabuleiro.
Marcos Rotta não é problema para a base. É peça de reforço, que soma, e que cumpre um papel claro na estratégia de dividir votos, especialmente na capital. Afinal, eleição para duas vagas no Senado não é totalmente jogo de cartas marcadas.